sexta-feira, 26 de abril de 2013

O Retorno

Bom seria viver ali naquela tranquilidade, sem cobranças nem expectativas, com o suficiente para sobreviver, alguns livros significativos na estante, utilizar as pernas para ir ao trabalho, voltar para casa a pé e pelo caminho mais longo para apreciar a paisagem e se der tempo, ver o pôr do sol pela janela.

Fui arrancada do delírio pela força do presente, o ronco dos motores, buzinas, poluição, rios imundos que um dia o povo pôde beber, a falta de humanidade que se alastra, arrogância, os ácaros da sociedade fazem minha pele coçar, compromissos, elitismo, transporte público e a falta daquilo tão necessário nessa correria toda da sociedade, a paz de espírito.

Assim como o recém-nascido chora ao sair do ventre da mãe, o retorno à velha cidade e seus mecanismos de funcionamento quase me fez chorar. Preferia ficar no ventre da tranquilidade a voltar aqui e continuar a viver neste emaranhado de estresse. Mas, sou uma criatura da era mais rápida que já existiu, a era da informação, então... por mais que queira encostar a cabeça no travesseiro e não pensar em nada, isso não é possível, pois sou um produto desse meio e sou condicionada a esta adaptação ao retornar.

Tudo volta ao normal, as lágrimas dos primeiros trinta minutos e a saudade da tranquilidade evaporam quando coloco os pés nesta terra que nunca para. Adeus sombra e água fresca, estou de volta a selva de pedra.

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