Mulheres, metrô não é salão de beleza. Já vi algumas moças
que lixavam as unhas, ajeitavam a maquiagem de pé, com o trem em movimento, sem
borrar o rímel. Mas, o ápice foi a passageira com os peitos à mostra num grande
decote que se exibia para um moço que filmava tudo enquanto ela fazia caras e
bocas. No metrô quando você está atrás de uma mulher e ela começa a mexer nos
cabelos, aqueles fios que batem no seu rosto são extremamente irritantes, e
muitas fazem isso como provocação, é uma disputa territorial.
Não é questão do sexo feminino, é uma questão de educação, é
uma questão de saber se comportar como ser humano.
Já que falei das mulheres, os homens também não vão ficar de
fora. Tem muitos safadinhos no metrô. Alguns usam o tumulto para esfregar os
seus desejos mal resolvidos nas passageiras e há muitos folgados que sentam com
as pernas abertas, reis decaídos de seus tronos imaginários. Quanta gente já
não teve os cotovelos dos homens mais altos encostados na nuca? Principalmente
as mulheres de estatura mediana, como é o meu caso.
Quantas parasitas já se recostaram em você para manter o
equilíbrio? Eu sou responsável pelo equilíbrio do meu corpo e da minha vida, e
você? Se eu perceber, jogo o corpo na outra direção, pois sou eu que estou no
controle daquela situação não é? O outro depende de mim.
Muita gente quer ficar naquele tumulto e mexer no celular ao
mesmo tempo, e o que usam de apoio? As suas costas! A mesma coisa acontece com
os leitores, porém por causa da minha natureza escritora, livros são bem
aceitos nas minhas costas.
E por falar em cultura. Não preciso dizer aqui dos fones
vagabundos que deixam a música alta passar do ouvido para o mundo exterior.
Fazem campanhas para os funkeiros comprarem fones de ouvido, mas que sejam bons
por gentileza e mais, as campanhas deveriam ser para a música alta,
independente do gênero. Além de estar numa situação extremamente estressante,
ainda temos que aguentar o barulho?
Às vezes, enxergo um lugar onde posso ficar e fugir da
aglomeração, com um ímpeto de desbravadora vou pedindo passagem. Sabe o que as
pessoas no caminho fazem? Elas ficam incomodadas, primeiro, com a sua audácia,
segundo, com o espaço que você conquistou. Todos os dias há um raio de
esperança na forma de um ponto cego, mas a maioria prefere ficar encalhada na
porta do vagão do que olhar para os corredores.
A sabedoria popular diz que você deve empurrar para entrar
nesse caos, por isso vemos tantos seres humanos agir como selvagens. A
selvageria é justificada, pois chegar pontualmente ao trabalho é uma questão de
sobrevivência, ir a uma consulta marcada para as oito horas da manhã é uma
questão de sobrevivência e todas as atitudes mencionadas são questões de
sobrevivência, é o jeito que as pessoas tem para garantir o seu espaço, mesmo
que muitas vezes de uma maneira equivocada.
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