Ela protege você das bolsas indiscretas que atrapalham a leitura do seu jornal, dos braços que vão para frente e para trás, e esbarram no seu ombro, daqueles que ficam de costas a conversar com a turminha no corredor do metrô, você pode desviar dos olhares de inveja por estar sentado e ele ou ela não. Não precisa olhar para o nada cheio de gente.
Pessoas com o olhar distante, em momentos tão íntimos. Nas viagens no lado da janela dá para pensar bem nas coisas da vida, soluções, amores impossíveis, dá para chorar baixinho e esconder as lágrimas com braço e a cabeça apoiados no vidro, mas não vale deixa-lo embaçado. Você também pode resgatar aquele sono que o despertador arrancou. Sacar o seu livro da bolsa e ficar tão imerso na história que corre o risco de passar do ponto, ou da estação. Ouvir música, desde que seja com fones de ouvido. São tantas opções.
Relaxar com a beleza dos cavalos perdidos na imensidão dos campos. Olhar o mar do alto da serra. A frieza das estruturas que sustentam essa cidade. O mundo minúsculo que as nuvens teimam em esconder. Olhar as pessoas. Sim... Pois apesar da solidão da viagem, do egoísmo da janela, nós somos seres curiosos e se não estamos com um livro nas mãos, celular, ou até dormindo, a opção mais interessante ainda é outro ser humano.
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