sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O Guarda-Roupa - Capítulo 8 - A Hora da Verdade

Vilma ficou irada. Devia ter desconfiado, toda aquela história de boa ação.

Nervosíssima telefonou para Dora. Ninguém em casa. Para o escritório, ocupado. Rediscagem - No escritório ela não está - respondeu a recepcionista. Vilma estava empenhada em desmascarar Mário, mas como poderia? “Minha irmã está cega de amores por ele, não me acreditaria”, pensou.

Depois da desilusão, Paulo decidiu devolver o presente de Vilma, já tinha uma cômoda e onde mora não há espaço para um guarda-roupa, comprou para ela, mas fez um péssimo negócio. Ele não iria ligar para avisar Mário, pegaria o malandro de surpresa.

Contratou o carreto, o mesmo homem de antes, seguiram para a zona norte com o guarda-roupa desmontado na caminhonete. O carreteiro estacionou em frente a garagem, Paulo apertou a campainha e Dora ,que estava sozinha, veio atender:
- Olá! Em que posso ajudar?
Paulo responde:
- É que o seu marido me vendeu um guarda-roupa e eu queria devolver.

Pega de surpresa, Dora não entendia o que estava acontecendo, ele continuou:
- Era um presente para uma amiga, ela não aceitou. Seu marido disse que o guarda-roupa estava estorvando na garagem apesar de estar desmontado e me ofereceu, por cem reais. Comprei e agora quero devolver.

Dora não acreditava no que estava ouvindo. Era impossível, um homem tão honesto quanto Mário, pelo menos ela achava pensava que ele fosse honesto. Incrédula, mas com um pouco de dúvida, ela pediu:
- Posso ver o guarda-roupa?
- Claro - respondeu Paulo.

Ao aproximar-se da caminhonete Dora quase desmaiou. Sim. Era o presente de Vilma ali naquela caminhonete empoeirada. Paulo e o carreteiro ajudaram-na, depois de alguns minutos, a vertigem havia passado. Convidou os dois a entrar.
Sentaram-se na sala e continuaram a conversa:
- Eu havia comprado um novo guarda-roupa e decidi presentear minha irmã Vilma com o outro. Tive que viajar e esqueci de telefonar para o carreto a fim de levar o presente a ela, além disso Mário disse que o carro estava quebrado, mesmo assim disse a ele que cuidasse disso. Pelo visto ele cuidou muito bem! - comentou Dora asperamente.
Paulo, ainda confuso com a história, pergunta:
- A sua irmã era casada com um tal de Carlos?
- Sim, você a conhece?

Agora Paulo entendia a reação de Vilma, mas que coincidência terrível. Disposto a por a verdade em pratos limpos, ele diz:
- Carlos era amigo meu. Depois que ele sofreu o acidente ela ficou muito abalada e acabamos nos unindo, tivemos um caso durante cinco anos. Outro dia ela telefonou, falou duas ou três palavras, depois desligou. Mas, ao ouvir sua voz todo o sentimento recluso veio à tona, comprei o guarda-roupa para ela, recusou o presente.
- Mas que coisa linda! comentou Dora muito romântica.
- Acho que ela sabe que o Mário vendeu o guarda-roupa - declarou Paulo.

A expressão de Dora era trágica, estava totalmente envergonhada por acreditar em Mário e por deixar-se enganar. Os dois homens a olhavam com piedade, a pior coisa para ela no momento era esses olhares.

O carreteiro não abria a boca, escutava atentamente a história, mas nenhum comentário. Resolveu ficar esperando na caminhonete. Para a sua surpresa ele avista Mário subindo a rua. “Deve estar vindo do bar” pensou. Assustado, ele acelera e vai embora, levando o “trambolho” desmontado.

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