Eu voltava para casa. O metrô com ou sem feriado, lotado.
Estava de pé no corredor e de costas para a área de desembarque. A estação de
destino se aproximava e resolvi mudar de posição, foi aí que dei de cara com
uma gravata amarrada naqueles ferros que nem sei o nome.
Era um modelo estampado, com as marcas do pescoço sujo. A
pessoa que cuidadosamente prendeu a gravata ali sabia fazer um nó Windsor. Os
outros passageiros nem se importavam com a presença daquela peça que balançava
de um lado para outro, tão elegante e independente.
Será que aquela cena foi obra de um executivo furioso a
beira do colapso? Ou estávamos na presença de um passageiro invisível? A sua
presença ali também poderia simbolizar a liberdade, tirar esse peso do pescoço,
a sensação de sufocamento pelos perrengues da vida. Eu nunca saberei o que
realmente foi aquilo e nem vocês. Desembarquei e a gravata seguiu viagem,
sozinha à procura de um novo dono.
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