Outro dia eu estava no ônibus e de repente eis que surge um
óculos de sol no chão. Nem eu, nem a menina a minha frente viram de onde veio o
objeto e ninguém reclamou. Peguei o óculos do chão.
Ele era preto, com pinta de que foi comprado em um camelô. Modelo
masculino, quebrado, provavelmente pertencia a um “mano”, sem marca, não custou
os olhos da cara e talvez nem fosse importante assim para o dono.
Ao final da viagem entreguei o óculos para a cobradora e ela
distraidamente quase levou o meu livro embora, pois pensou que ele fosse o
objeto perdido.
Tem coisas que nós perdemos e não valem nada, mas outras tão
significativas a ponto de mudar o nosso jeito de ser. Podemos perder o chaveiro
símbolo daquela amizade que nos faz falta. O ursinho de pelúcia que ganhamos da
vovó na noite de natal. As cartas com marcas de batom da sua mãe - ela que era
vaidosa e usava todos os dias, bilhetes
do seu primeiro namorado, aquela foto com o seu melhor amigo na época da escola
primária e tantas outras coisas que vêm e vão das caixas que tiramos do
guarda-roupa ou do armário.
Objetos que trazem à tona o melhor de nós, a nossa história,
neles nos encontramos, reencontramos e redescobrimos sonhos há muito tempo
esquecidos pela memória mas que vivem nas lembranças guardadas pelos cantos da
casa.
Perder é se achar ao mesmo tempo.
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