Lágrimas escorriam dos olhos da passageira sentada no banco
do metrô. Ela segurava o aparelho celular em frente ao rosto na tentativa de
disfarçar seu sofrimento, mas a maioria das pessoas nem prestava atenção de tão
preocupados com suas próprias mazelas.
Seus olhos estavam marejados e quase inchados pelo choro
tímido. Será que ela havia recebido uma notícia ruim? Brigado com o namorado?
Talvez alguém estivesse doente na família e ela sentisse a carga pesada demais
para aqueles ombros frágeis, mas não dizem que Deus dá os fardos a quem pode carrega-los?
Chorar. Para alguns, pode ser sinal de fraqueza, para
outros, uma demonstração aberta dos sentimentos é sinal de força. O bebê chora
para pedir atenção, os adultos às vezes choram para pedir socorro. As lágrimas
são amargas para o derrotado e doces para o vencedor, ou doces para o inimigo
que vê seu adversário cair de joelhos.
Às vezes as pessoas exigem lágrimas de nós, acham que obrigatoriamente
deve-se chorar em velórios, enterros, casamentos e muitos outros rituais e
cerimônias que existem aqui nas diversas culturas deste mundo, mas não entendem
que o choque da situação pode ser tão forte que os olhos ficam secos e a ficha
só vai cair depois.
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